Harman for president

Jaiminho do Algodão tráz hoje um artigo sobre esse disco de James Harman, gaitista, guitarrista e cantor de blues da Califórnia. Bem, há um tempo atrás, antes de ter um PC bom o suficiente pra baixar discos inteiros meu então professor e grande amigo Cezar Távora (Big Bat Blues Band) me descolou um disco do James Harman, era o 'Two Sides To Every Story' (1993), na época nem abosvi tanto a qualidade deste disco, em parte por que o disco estava com problemas, algumas músicas estavam cortadas no meio. Mas de uma coisa eu sabia, se tratava de um gaitista com um puta fraseado e um timbre sem igual.

Então, depois que consegui um computador 'foderoso' e comecei a baixar discos freneticamente, consegui achar mais dois discos do James Harman. O primeiro deles que baixei tomei um susto, viciado em ver encartes fui ver a capa antes de ouvir o disco, que porra era aquela? O cara me faz um disco chamado 'Lonesome Moon Trance' (2003) e me aparece na capa do disco com uma barba branca grotesca, uma manta preta e esse chapéu 'sabe-lá-de-onde-veio'... Pensei logo, puta que pariu o cara virou mensageiro dos novos tempos e tá gravando discos de trance agora?! O cara tá parecendo o Sun Rá.

Me enganei, só blues, e muito tradicional por sinal. Ele continua sendo o dono de um dos timbres mais singulares entre os gaitistas de renome e carrega consigo uma produção de dar inveja, com mais de 30 anos de carreira discográfica é autor de 24 álbuns. James Harman, sendo também guitarrista, tem neste disco um repertório que arrepia qualquer fã de blues, seus arranjos são feitos com muita propriedade de um veterano, nada de exageros, só faz o que a música pede, é uma grande escola pra gaitistas 'punheteiros' que querem meter a gaita em tudo quanto é buraco da música, sem pensar que a banda tem que funcionar juntamente com seu virtuosismo, se não vira orquestra de surdos. É um músico te tanta verve que algumas músicas nem existe gaita (Piecework Politicians por exemplo), ele sabe que não precisa ficar mostrando que sabe. Outro detalhe que mata, pesquisador que é, Harman sabe explorar os timbres, não é escravo deste ou daquele Mic ou Amp, algumas músicas ele vai de mic aberto mesmo (como em Miss Bessie Mae Blues), explorando mais a grande gama de timbres que se pode tirar de uma gaitinha de 10 buracos, nos fazendo lembrar dos grandes gaitistas da era pré gaita amplificada como SBW, Sonny Terry ou Snooky Pryor por exemplo.

Seu estilo, como gaitista, carrega um pouco do West Coast Blues (ou Califórnia Blues ou Jump Blues) dos gaitista que começaram a mudar a linguagem da harmônica trazendo para o blues a gaita de chave (cromática) criando uma nova linguagem tanto para o blues quanto para a gaita em geral. É lógico que não é tão California Blues como os grandes William Clarke, Rod Piazza ou Dennis Gruenling, pois Harman valoriza o tradicional no blues.

Agora parte que nos deixa revoltados, James Harman além de grande músico é pesquisador, conforme mencionei anteriormente, e sempre gostou de coletar e colecionar materiais relacionados ao blues como Guitarras, Amps, Mics e discos, mas desde 2004 vem sendo roubado, não entendi ao certo pois meu inglês é péssimo, mas me parece que o cara vai fazer uma turnê e nego dá uma passada na casa dele pra surrupiar seus objetos. No site oficial há uma lista do que foi roubado desde então e lá você pode encontrar desde guitarras e amps raros até originais de gravações em cera que ele guardava com todo o cuidado do mundo. Um absordo de se fazer com um homem tão preocupado com o Blues/Jazz como memória da cultura deste século que se passou.

Site oficial de James Harman